Minha paixão pelo football e gestão empresarial – por Moacir da Silva Júnior
MINHA PAIXÃO PELO FOOTBALL E GESTÃO EMPRESARIAL
Tenho uma paixão por football. Algum desavisado poderá dizer: “bem, isso não é nenhuma novidade, em se tratando de um brasileiro padrão”. Porém, a grafia acima não é um mero detalhe, tampouco um descuido, pois o futebol a que me refiro é o Football ou Futebol Americano. Gosto, claro, do “nosso futebol”, porém o futebol americano tem sido para mim um dos principais entretenimentos esportivos nos últimos anos. Sempre que questionado sobre por que assisto, respondo que gosto desse esporte por se tratar de um jogo emocionante, dinâmico e bastante estratégico.
Geralmente ouço pessoas que dizem não gostar de futebol americano. E a justificativa é, invariavelmente, que não entendem. Ora, não entendem porque não conhecem e aí fica realmente difícil de gostar. De fato, o futebol da bola oval é mais complexo em termos de regras, pontuações e jogadas em relação ao futebol da bola redonda.
Vou explicar adiante a relação do futebol americano e da gestão empresarial, passando por uma análise cultural do modelo brasileiro e americano e da relação com o nosso futebol. Porém, antes se faz necessário explicar um pouco desse esporte que é um patrimônio para os americanos e que envolve as maiores cifras esportivas em patrocínio e exploração de mídia do planeta.
O futebol americano é basicamente um jogo de ataque contra defesa que envolve muito planejamento, estratégia, organização e alto nível de especialidade. No comando da estratégia de jogo existem quatro treinadores, sendo um treinador da defesa, um treinador do ataque, um treinador dos times especiais e um treinador principal chamado de Head Coach. Existe um jogador que entra no jogo exclusivamente para chutar a bola oval em uma jogada chamada de field goal, onde o objetivo é colocar a bola oval entre duas traves para marcar pontos. Seria equivalente a um jogador de futebol entrar em campo apenas para bater um pênalti. Os quarter-backs, que são os armadores de jogadas do time, têm entre suas atividades decorar um livro de jogadas (play-book) que contém todas as possíveis jogadas e rotas que os jogadores de ataque podem fazer e para o qual eles devem passar a bola para ganhar território no campo de jogo. Tudo muito planejado e organizado.
O contra-ponto disso é que quando se faz necessário improvisar, em geral, acaba por dar errado. Em uma conversa com um amigo que estava visitando uma feira de construção civil em Nova York, ouvi dele a seguinte expressão: “os americanos são burros”. Ao manifestar meu espanto ele justificou: “aqui, na maior parte do tempo, tudo funciona, é organizado, está tudo em perfeito estado, tem padrão, tem processos, recursos. Só que quando algo sai do padrão, eles ficam perdidos e não sabem o que fazer”. Então entendi a brincadeira que meu amigo tinha feito e passei a refletir sobre as questões culturais que estavam por trás desse comentário.
Fazendo uma análise cultural entre o nosso futebol e o deles, fica evidenciado e até justificado que cada um goste do seu futebol. O nosso futebol ou “soccer”, como é chamado pelos americanos, é criativo, cheio de improviso, de surpresas e diria que quase imprevisível. O futebol americano é mais “reto”, padronizado, cartesiano. Talvez essa constatação explique um pouco da minha paixão pelo futebol americano. O modelo de estratégia, organização e planejamento é muito próximo do que eu acredito como imprescindível para o desenvolvimento de empresas e negócios de sucesso.
Esse comparativo entre os dois esportes, que são espelhos da expressão cultural de cada um dos países, também pode ser feito em relação ao mundo empresarial e aspectos que envolvem a gestão das empresas. De um lado o modelo brasileiro cheio de criatividade, improviso e “malandragem”. De outro o modelo americano recheado de disciplina, planejamento e organização.
Com muita humildade, quem sabe podemos aprender um pouco com os americanos, tanto no esporte quanto no mundo empresarial, e criar um modelo que seja uma junção desses dois formatos. Disciplina, organização, planejamento e estratégia aliados a muita criatividade e alegria. Temos um belo país, com abundância de recursos naturais e um povo batalhador. Acredito que unindo esses modelos seremos imbatíveis no esporte, no mundo dos negócios e em qualquer outra esfera!
Data: 06/02/2017